Poesia prática

Olhei para ela,

ela olhou para mim;

nós dois olhamos um para o outro

um olhar cúmplice.

Disse um gracejo

daqueles que normalmente ela despreza,

ela correspondeu com um sorriso de malícia.

Me acheguei,

Encostei no sofá.

Ela ficou arredia

pra depois ficar receptiva.

Na cama

nós amamos muito,

e muito,

e bastante mesmo.

Todo mundo suado,

arfante,

prostrados.

Nos agradamos.

Todo mundo amável,

como cabe depois de intenso sexo.

Beijinhos pra lá,

beijinhos pra cá.

Ela lembrou do vestido,

daquele vestido

da discussão anterior.

Um caro vestido.

Achou propício

falar dele.

Que momento!

Lembrei a ela,

de novo,

continuo duro,

sem grana.

As contas da casa...

Ela desgostou.

Virei pra cá,

ela virou pra lá.

Resmungo daqui,

resmungo dali.

Dormimos.

Aquele despertador

maldito,

lúgubre,

soturno,

tocou.

Indolentemente, me levanto.

Tá na hora de ir trabalhar.

Eu fui.

Ela ficou aos afezeres domésticos.

Tudo como sempre.

Aqueles gracejos, ela desprezou de novo.

di Arauj hür
Enviado por di Arauj hür em 12/03/2007
Código do texto: T410344