Poesia prática
Olhei para ela,
ela olhou para mim;
nós dois olhamos um para o outro
um olhar cúmplice.
Disse um gracejo
daqueles que normalmente ela despreza,
ela correspondeu com um sorriso de malícia.
Me acheguei,
Encostei no sofá.
Ela ficou arredia
pra depois ficar receptiva.
Na cama
nós amamos muito,
e muito,
e bastante mesmo.
Todo mundo suado,
arfante,
prostrados.
Nos agradamos.
Todo mundo amável,
como cabe depois de intenso sexo.
Beijinhos pra lá,
beijinhos pra cá.
Ela lembrou do vestido,
daquele vestido
da discussão anterior.
Um caro vestido.
Achou propício
falar dele.
Que momento!
Lembrei a ela,
de novo,
continuo duro,
sem grana.
As contas da casa...
Ela desgostou.
Virei pra cá,
ela virou pra lá.
Resmungo daqui,
resmungo dali.
Dormimos.
Aquele despertador
maldito,
lúgubre,
soturno,
tocou.
Indolentemente, me levanto.
Tá na hora de ir trabalhar.
Eu fui.
Ela ficou aos afezeres domésticos.
Tudo como sempre.
Aqueles gracejos, ela desprezou de novo.