Anja noturno de coturno
 

Ela não tem caminho certo,
É um espírito livre, “errante”,
Que surgiu na minha vida de boêmia
pelos becos da cidade.
O seu canto mavioso
Despetá-la os corações noturno
Uma anja da noite pisando as calçadas
com seu longo coturno.
Sem deixar pegadas no chão.
Coração quente como gelo.
 
Contratarei o exército de Agamenon
para raptá-la desta fortaleza, assim
como o fez com Helena de Tróia.
 
Vagando nas noites boêmias
colidimo-nos em verso e prosa.
Entorpecidos construímos quimeras,
castelos de areia.
Com diálogos ácidos,
regados ao sabor de vinhos
“sangue de boi” de textura aveludada.
 
Quem é ela que surgiu do nada
no meu mundo vagabundo?
Por acaso és a encarnação de safo?
Seus olhos são negros como o corvo,
Posso enxergar pelos céus do seu olhar
A beleza que embriaga tua essência.
O belo e o sublime confundem-se,
A suavidade e o êxtase são as faces
da mesma personalidade inexplicável.
 
Não sei se tivestes sorte ou azar
de me encontrar.
Este que sou matéria imperfeita.
A náusea dos deuses, ou um anjo de luz.
Obscuro e gerado no seio da terra.
O nada, ou alguma coisa que surge
nas tuas noites de sonhos e devaneios.
 
Quem é ela?
Infelizmente minha alma é incomunicável
para falar com a tua.
As almas a Deus pertencem.
 
Quem é você?
De que reino veio para atormentar-me?
Este que sou mortal
como a rosa sangrenta
que floresceu no meu quintal,
Plantada e regada com adubos industrializados.
Qual é o seu medo? Diga-me,
qual é o seu medo anja?
Se meus versos te parecem nocivos,
Por que queres bebê-los goela abaixo
como quem bebe o rio em um único gole!?
 
As muitas águas não podem afogar
este indomável sentimento,
essa vontade que vem sem lá de onde
e aos pouco se esconde no meu ser.
Este sentimento é capaz de romper
A dura sepultura da morte,
Sublime e forte,
Como um beijo transgressor.
Anja noturna! Oh! Filha de Elfo.
 
Permita-me abrir um parêntese neste momento:
(Quem sabe os anos da minha existência
permita-me beber na fonte da sabedoria,
e esta espírito inquieto deste homem
deixe de fazer tantas perguntas e simplesmente
deixe a vida florescer tal como ela é, como as arvores
silvestres, sem ismos.)
 
Talvez tu não saibas o homem
Pois este é um ser desejante por natureza,
não sei se desejo mais que o próprio ato de desejar.
Simplesmente quero me embriagar de viver.
Anja leve-me a voar contido até as sublimes alturas
Voemos juntos rumo ao sol.
Não tenha medo da queda
Pois trago comigo um pára-quedas.
Vamos voar e mergulhar nos cosmos do universo
Vamos conhecer a nebulosa de Vênus.
Esqueça a curvatura espaço-tempo dos fenômenos.
Dane-se a razão e suas conquistas.
Simplesmente quero me embriagar de viver.
Viver! Viver! Viver! Viver! Viver!
 
Quem é ela?
É uma borboleta
Que ainda não desprendeu do casulo.
E quando alçares vôo
cuidado para não se perder
nos sedutores jardins que roubo
para lhe oferecer.
Nem todo o papel do mundo é capaz
De conter meus versos, assim, calo-me.
Marquês Rocco Sade
Enviado por Marquês Rocco Sade em 26/01/2013
Reeditado em 26/01/2013
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