SÚPLICA À MUSA...

Musa, será talvez a última,

a última Poesia que escrevo...

Quero que tenha o derradeiro

sentido do adeus...

Quero que seja a última palavra,

a última lástima, a última vez

que amarei na vida...

Meu adeus, talvez,

seja um adeus continuado...

Que atravessa anos, meses, dias...

Minutos, segundos...

Mas eu quero dizer isso: adeus.

Quero que minha poesia transcenda.

Quero que se transforme num leve,

suave adeus ao amor...

Daqui prá frente,

a alma poetisa morrerá...

E, morrendo o verso,

é preciso que o Amor o acompanhe.

É preciso me despedir de ti,Musa querida,

que me ouviu cantar de alegria

e me contemplou chorando de tristeza.

Tu, que sempre ficaste comigo.

Tu, que nunca me abandonaste.

Tu, que foste a única testemunha

do meu amor amargurado,

impossível na Terra e no Céu...

Tu, que me deste ânimo...

Tu, que me compreendeste.

Tu, que me ouviste.

Tu, que compartilhaste comigo

das tristezas e dos sorrisos...

A ti, Musa querida,

para que não te apartes nunca,

apesar do meu adeus,

fica esta súplica: vem comigo.

Se a voz do coração poeta se amortecer,

se a dor da alma aflita quiser te despedir,

Não ligues, fica comigo...

Porque se tu partires,

nada restará de mim...

(26/06/1968)

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 13/03/2007
Código do texto: T410823
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