Quando me falas de ti II



Quando me falas de ti, de teu passado, de teu presente,
E te apresentas, assim, a minha frente, desnuda,
E me contas teus sonhos, despida de hipocrisias,
Sinto a amplitude da mulher, a pureza da criança,
No enlevo de teus anseios, no revelar de tuas fantasias...

Quando me falas de ti, do tempo aguardado, fremente,
Em que sabia que virias um dia, aguardado por toda vida,
Cavaleiro andante, elmo, armadura, escudo, espada,
Acimar a torre de teu castelo, tomar-te em meus braços,
levar-te comigo à garupa, enfim amada e protegida.

Quando me falas de ti, e abres as janelas de teus receios,
Deixando que a luz irrompa por entre as trevas,
Descortinando a escuridão de teus medos, de teus anseios,
Quando me mostras, em toda a simplicidade, tua alma,
Pura como a de uma criança que fostes, que ainda és.

Sim deleito-me quando me falas de ti, e em teu corpo busco
A remissão para todos meus pecados, o bálsamo para minhas dores,
O refúgio para meus anseios, o lenitivo para todos meus temores,
Quando, constrito, me falas de ti, sem culpas, de tudo que fostes,
Da imensidão de tudo que és, do infinito de nossos amores.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 29/01/2013
Reeditado em 28/09/2013
Código do texto: T4112633
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