No dia da poesia

Eu faria o seu poema.

Não o que você merece,

que não é fácil fazer tanto.

Mas, um poema sincero,

pra gravar dentro de mim

as linhas do seu encanto.

Ele seria incompleto,

que nem tudo a gente vê.

E mesmo se a visse inteira,

e entendesse o sentido,

não saberia explicá-la.

É que a poesia é falha

e o poeta, perdido.

Mas faria com vontade,

que a vontade me sobra

de te traduzir em traços,

rabiscos e embaraços

que eu pudesse entender.

Eu faria seu sorriso

de quem gosta de sorrir.

Suas pernas pelo mundo

abrindo trilhas de vida

e os pés firmes no chão.

Faria as suas mãos,

o seu abraço, os seios,

seus sonhos e devaneios,

e seu cansaço ocultado.

Eu faria seu rosto,

cabelo, boca e olhos.

Até sentir o seu cheiro

Perfumando meu papel.

E te gravaria em mim,

no escuro do meu dentro

pra cintilar como estrela.

Mesmo te fazendo errada,

incompleta, inacabada,

Sempre poderia vê-la,

mostrando o rumo da estrada.

Eu faria a caminhada

se eu pudesse fazê-la.