A mulher e os caracóis
A mulher,
de lugar nenhum
ceifa impune
nas linhas das águas.
Caracóis
nos cabelos de vento
do mar em ondas.
Tinge de vermelho
e rasga
a lâmina afiada:
pele e desejo.
Nas curvas,
sombras e minúcias.
A mulher
perigosa e louca
se veste de açucenas.
O corpo
perfuma a alma
e perfura
as rasuras.
Passeia,
vagueia nos próprios rastros.
Rasto
ao Deus dará!
Mulher,
ninfa,
menina
colhe caracóis na praia.
Inocente.
recolhe lágrimas
na chuva.
Meia lua.
De mini-saia.
De branco e preto.
Feiticeira.
Na ausência de pressa
se põe a cantar.