A Quarta

O cetim dos lençóis

está fresco. Estão frios.

São mármores

em que me deito.

O jantar ainda repousa intacto,

como se fome, no Mundo, não houvesse.

Tampouco a Lua iluminou a noite

como se o breu da vida não nos quisesse.

Essa insônia deveria ser seguida

por alguma esperança aturdida.

Mas está vazia a madrugada recém nascida

e por isso eu sei que o Catamarã não aportará.

Disseram-me que se perdeu no caminho.

E que talvez só chegue tarde demais.

Talvez até, nem siga a esperada via.

Que eu busque outra estrela-guia.

Indiferente, a maré seguirá seu movimento

e o cotidiano sufocará todo sentimento.

Restarão apenas as Cinzas da Quarta,

que ficaram em testamento.