"Meditando"

Meditando

E lá, pelas madrugadas,

Quando as luzes se apagam

Mãos se procuram

Corpos se fundem

Lábios, que nem desejos

Murmuram trocas de beijos...

Quando tudo vira silêncio

E todos se aconchegam

Num estertor de ensejos

Num ante gozar de estupor

Nos burburinhos em flor

Formigam lascívias de amor...

Benditos silêncios da noite

Bravos escuros da imensidão

Proclamam momentos sentidos

Arvoram-se em doces cupidos

Num mar de muita emoção

Ternuras para o coração...

Nunca me botem nas entrelinhas

Fixem-me em trilhos de trem

Para poder me locomover

Direto sem me perder

Nas trilhas do anoitecer

No céu do teu bem querer...

Levantem âncora! Icem as velas!

Alinhem as bujarronas! ordens do Capitão

Gritam da embarcação, em plena escuridão

De proa à popa dispostos

A me levar de antemão

Às aventuras do meu coração...

Ordens assim deslizam em minha mente

Ficando à espera de ti, docemente

Para quando a noite se avizinhar

Olhos nos olhos no escuro

Mãos em contínuo afagar

Levam-me ao céu, a suspirar...

Bombordo, boreste, porão

Escuto as palavras gritantes

Homem ao mar! gritam marujos

Mas não há homem a se afogar

É apenas meu coração a boiar

Nas águas fundas do além mar...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 10/08/2005
Código do texto: T41636