E quando morre...

...restam as noites insones,

os olhos inchados,

os lençóis de lágrimas lavados,

as palavras sem significados,

gritos roucos silenciados,

lamentos camuflados...

A velha melodia,

o espaço na poesia,

as longas horas do dia,

o consolo na boemia...

A busca sem sentido

do amor perdido

no poente obscurecido,

do porquê indefinido...

O lugar desocupado,

o abajur pouco iluminado,

o som descompassado,

o tapete desgastado...

O vaso cuja flor secou

esquecida de quem mandou,

o perfume que restou

na camisa que embolorou...

Talvez exista o amor que não morreu,

mas não foi o meu e nem o teu.

SP, 29/02/2004

24:00 horas

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 10/08/2005
Código do texto: T41645