HILÉIA

Ninfa! amor que brilha nas maçãs

do rosto que emolduram o desejo;

um beijo, nunca apenas o é,

mais que um pensamento simples:

mil estratégias que rodeiam

minha cabeça de tesão e carinho...

No deserto da espera por teu corpo

em constante marcha caminho,

pois às vezes eu não te vejo

e não estou sempre dentro de você.

Se quero: há no mundo quem duvide?

eu espero até a linha do horizonte;

é meu caminho ainda velado, obscuro,

esse mar de monstros silenciosos

que marinham o celeste das águas

profundas dessa piscina turquesa!

Beleza se põe e se serve à mesa

num banquete de lábios quentes, sãos,

sob quereres profundos que se dão.

Ninfa! te vejo brilhar no canavial,

seduzir das folhas às raízes - goiabeiras,

jatear querer como grosso orvalho

sob estrelas penduradas em galhos

prestes a cair, riscar o céu e saciar

as saúvas que as esperam no chão.

Um corpo que é movimento, é pão,

é canto que se toca e se cotidiana,

é tempestade que se consagra profana.

Se passo entre as árvores modernistas

da Garibaldi inundada de sol e carro,

é nas sombras que ecoa meu amor

que então me caminha ao lado, Gata!

delicadeza que existe e assim

é-me mais que alpiste para vôos vis!

é concretude (etérea) que me conversa:

algum pedido, libido, uma oferta...

sob a brincadeira d'uma conversa séria.