É urgente o (de)lírio lívido

É urgente

O (de)lírio lívido implantado

sobre as palmas desabrochadas das tuas mãos de fogo.

É urgente o Mar (é urgente de novo amar)

no desvelo de beijar a pele, véu brocado do corpo.

É urgente o flato, leve…descendente, sopro,

funil, adjacente, quente…

Na forma de ser brisa deslizante, sobre o umbigo do Tempo.

De ser aroma

De ser baba salivada a escorrer da boca ao queixo

No tecer de um só beijo

De ser seiva húmida, coral de espuma

É urgente acontecer

labareda de luz em espelho flama de vaga.

Refractada, bruxuleante, serpenteada,

sobre rosáceos seios abertos, ofertos… em dádiva.

É urgente que floresça da semente, a baga.

Que o Tempo se aquiete em danças felinas de madrugada,

sejam tangos, sejam valsas, sejam batuques, tibetanas flautas…

Tambores ou latas …

Mas seja …

Que por nós e em nós o Tempo não gire, hiberne …

se amanse em madrigais de espera!

Seja Cronos, Deus dormente…

Que a brisa se estanque

e que assim se faça Ode e, dos corpos moldados, jura d'Amor infinda.

Para que, finalmente, aconteça Primavera!

É urgente

O (de)lírio lívido implantado ...

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 21/03/2007
Código do texto: T420582
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