Sem pudor
A minha alma, distraidamente,
Encontra a tua
A minha pela sugere
Arrepios ao toque dos teus dedos sem mácula.
A minha voz se cala
Ressoa dentro do peito e
Vomita dor.
A minha mente inquieta
Projeta em sonhos
um novo toque
um novo olhar.
Muda,
Mudo o mundo
Esse universo particular
E projeto fogos, jogos, constelações, mar...
Esqueço medos,
Tabus,
Princípios,
Moralidade imoral
E apanho flores no caminho:
Ferem-me as folhas
As pétalas que caem
A ausência de espinhos
Encaro a dor.
...
Surge então uma sensação de frescor
Percebo a lição do amanhecer.
Ouço a música do mar,
Dou-te as mãos
(As minhas mãos inteiras)
E as pulsações, a adrenalina, os feromônios, a dopamina
E tantos outros narcóticos naturais.
Dou-te meus sonhos
Meus projetos, valores, prazeres
Dou-te minha coerência
Minha sanidade
E minha razão.
Sou sua presa.
Sou sua sereia.
E, escandalosamente,
Sou sua sem pudor.
Sou a mulher que nasce
Nesta selva
Que você não sabe o nome
Mas que eu chamo de amor.