CORAÇÃO DE PEDRA

A arte de doar-se, faz-se ausente...

E o medo de sofrer - Quase iminente!

Enclaustra em nosso peito a cruz, que medra...

E a sombra da carência ou desatino,

Talvez por ironia do destino,

Nos acorrenta a um "Coração de perda"

E este, é implacável, narcisista,

Incoerente, frio e calculista,

Habilidoso, borrascoso e fútil,

E nossos beijos nunca tem sabor,

Nossos carinhos morrem, sem valor,

E o nosso amor tão grande...É tão inútil!

Nos escraviza, nos pisa, nos cobra.

E no entanto ele jamais se dobra,

Aos nossos gostos, nossos sentimentos...

E só está feliz, se nos massacra,

Nos conduzindo nessa "Via-sacra"

Até o vale dos ressentimentos...

Foi-se a beleza, o gozo, a mocidade...

O que nos resta é berço de saudade,

Com travesseiros frios, de agonia,

E os cobertores da tristeza infinda,

Achando pouco, asfixia ainda,

Algum remoto sinal de alegria...

O coração de pedra é traiçoeiro,

Nunca nos mostra o lado verdadeiro,

Vive em seu mundo, viu, profano e louco,

E enquanto nós doamos nossas vidas,

Ele nos abre mais de cem feridas,

Ceifando nossas almas pouco a pouco...

(Nizardo)

Poesia registrada.

Xerinho.