Desculpe

Há muito tempo não lhe faço um poema...

Me desculpe!

É porque ando tropeçando nos astros

Distraído.

Porque meus pensamentos não tem sido

Vagos.

E sim entorpecidos do seu nome.

Há muito tempo não lhe dou um presente...

Me desculpe!

Não somente porque sou um pobre

Coitado.

Mas são meus bolsos que não cabem

Dinheiro.

Pois eles já estão cheios de amor pra te dar.

Há muito tempo não te levo pra passear...

Me desculpe!

Sou um cara sem tempo, sem jeito e muito

Confuso.

Pois o tempo que me resta ao teu lado, não sei

Organizar:

Não sei se te beijo, mordo, aperto, arranho, lambuzo,

se te faço carícias, se te bato, se te curo, se te adoeço,

amarro, liberto, se te acordo, se te faço dormir, se te faço perder o juízo ou o pudor, se te faço raiva sem que me tenhas rancor, se te corto e depois lhe passo saliva pra sarar, se te levo pro inverno e depois te aqueço com meu calor, se te mando pro inferno e depois te refresco com uma oração...

Sou esquisito!!!

Me desculpe.

Há muito tempo não te deito na cama...

Me desculpe!

A distância que há entre você e ela é meu magro

Corpo.

Mas isso não quer dizer que é você quem está

por cima.

Porque estamos flutuando num mundo que flutua no universo.

Não há chão, céu, paredes... estamos deslugarizados no espaço.

Mas, se estamos agarrados o meu lugar passa a ser em você,

e o seu em mim.

E isso não é grave, é o universo que não tem gravidade.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 26/03/2007
Código do texto: T426764