Os teus dedos na roca dos meus segredos

Nas sedas filiformes de um tear por inventar

e nos rugidos do Mar, repercutidos aos ouvidos,

em agalanados búzios, encontras cifras e códigos

de um oráculo por decifrar, de mim menina-mulher...

Vem, senta-te aqui a meu lado, nesta cadeira

do eterno tempo vago. Mastiga devagar as

emoções libertas dos meus olhos de luar.

Enrola os teus dedos na roca dos meus

segredos ... Ensinar-te-ei a fiar! Ouve agora

as colcheias vindas de lá do pré-cambrio,

e nelas perpetuadas, a matriz unicelular das

nossas primitivas células. Unidas!

Estão desenhadas em aguarelas coloridas.

E no nosso pretérito passado encontras

alcantilado o nosso beijo risonho ...

Não estás a ver? Tem o traçado impoluto

de um Sonho ... Tem a cor das Açucenas,

o sabor do desejo das nossas bocas serenas...

Coisas simples e pequenas ...

Vais de novo dizer que estou a enlouquecer?

Que me perdi em enzima e levedura? Que

o meu corpo salgado se desfez na envoltura

de um passado caldeado no caldeirão

bojudo da mais atávica loucura?

Talvez sim ... Se te perdi no caminho, não

existe caminho para mim!

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 27/03/2007
Código do texto: T427947
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