QUANDO O TEMPO ME TOCAR

Quando o dedo da velhice me tocar

E enrugar a minha face sem sorriso

Ainda sim, em meus versos será preciso,

O nosso passado e teu nome relembrar.

Se meu corpo velho não tiver quem amar,

E o frio da madrugada invadir meu quarto

Quando a insônia me abraçar, o teu retrato

Os meus lábios rachados irão beijar.

Quando eu estiver passeando por uma praça

Apoiado a uma bengala, solitário e triste,

Possa ser que por ironia ainda te aviste

Com cabelos brancos, mas ainda com graça.

Com os olhos que refletem minha alma

Com as mãos que tocaram tanto as minhas

Ainda sim, te acharei bela, e mesmo velhinha

Dispararás meu coração, me tirarás a calma.

Se isto um dia acontecer direi que te amo

Que os veros que compus eram só teus

Que desde daquela noite do teu adeus

Meu coração então sofreu, ano após ano.

E mesmo que não me queiras ficarei agradecido

E meus lábios rachado sorrirão então

Pois bem sei que teus lábios doces dirão:

Os anos passam e ainda és um moleque atrevido.

Irei embora satisfeito, sorrindo, com meus passos lentos,

Sentido tocar o vento minha face velha, porém feliz,

Agradecendo a Deus por ter me permitido o momento

De dizer que te amo, coisa que na juventude eu muito quis,

Mas não consegui.

ANJO DA SOLIDÃO
Enviado por ANJO DA SOLIDÃO em 12/05/2013
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