QUANDO O TEMPO ME TOCAR
Quando o dedo da velhice me tocar
E enrugar a minha face sem sorriso
Ainda sim, em meus versos será preciso,
O nosso passado e teu nome relembrar.
Se meu corpo velho não tiver quem amar,
E o frio da madrugada invadir meu quarto
Quando a insônia me abraçar, o teu retrato
Os meus lábios rachados irão beijar.
Quando eu estiver passeando por uma praça
Apoiado a uma bengala, solitário e triste,
Possa ser que por ironia ainda te aviste
Com cabelos brancos, mas ainda com graça.
Com os olhos que refletem minha alma
Com as mãos que tocaram tanto as minhas
Ainda sim, te acharei bela, e mesmo velhinha
Dispararás meu coração, me tirarás a calma.
Se isto um dia acontecer direi que te amo
Que os veros que compus eram só teus
Que desde daquela noite do teu adeus
Meu coração então sofreu, ano após ano.
E mesmo que não me queiras ficarei agradecido
E meus lábios rachado sorrirão então
Pois bem sei que teus lábios doces dirão:
Os anos passam e ainda és um moleque atrevido.
Irei embora satisfeito, sorrindo, com meus passos lentos,
Sentido tocar o vento minha face velha, porém feliz,
Agradecendo a Deus por ter me permitido o momento
De dizer que te amo, coisa que na juventude eu muito quis,
Mas não consegui.