Urge acontecer!

Urge acontecer corpos ponteados em ziguezague,

no Tic-Tac sincrónico, da suprema arte de serenar as águas.

Anjos ou Demónios compassados, por metronomos

de entrega, de volúpia e de prazer.

Urge Amar.

Urge soltar o pranto coalhado no bocal de ânforas

afundadas em naufrágios desiguais.

Urge acontecer o contraste entre a brandura

do teu colo de algodão e o ruído estridente

da inclinação intempestiva das cataratas da Vida.

Urge acontecer a partilha do olfacto povoado

nos olores caucásicos de anoitecidas camélias.

O tacto serenado dos verdes maciços de Azaleas.

O afago dos teus beijos nos teus seios de Buganvílias.

Urge, neste espaço habitado, dar cabimento

aos ritmos reflorestivos dos Abrunheiros-de-jardim.

Ouvir a voz fontanária, ouvir do Mar e do Vento,

cânticos, gemidos, lamentos. Ouvir, com os ouvidos abertos

da Alma, distinguindo um a um, cada acorde, riso ou lamento.

Urge o respeito perpétuo no palco dos afectos

pelos nossos metabolismos comuns.

Urge a partilha, de nós, Gentes - iguais e tão diferentes.

Urge, hoje e sempre, o Amor!

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 28/03/2007
Código do texto: T429034
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