Falando de amor

Quero falar de amor como fala um pai de seu filho, como fala a escolha ao indeciso, como uma criança que fala sua primeira palavra. Quero falar de amor como quem fala de uma boa lembrança.

Quero falar de beijos e de doces momentos, quero falar de medos e de contradições, falar de sonhos desfeitos e de sonhos refeitos, de sonhadores e de anônimas emoções. Quero falar de paixões e de explosivas disputas, de brigas imaturas e outras complicações.

Quero falar até esgotar toda a minha vontade, até sentir-me em outra realidade onde bastaria ser e estar. Quero transparecer em toda minha essência, falar de amor como se fala de uma ciência ou de uma cura para todo tipo de dor. Quero falar de amor falando do quanto amei, falando de como flutuei e como me senti quando voltei ao chão. Quero falar como uma declaração perfeita e como uma simples frase, um "Eu te amo" no ouvido soando no coração.

Quero falar do amor que não sabe a sua razão, do amor feito de decepção mas que ainda assim é amor, do amor que sobrevive mesmo que na distância, do primeiro amor na infância e da velhice do amor.

Tanto, tanto que eu quero, tanto eu queria dizer, mas quando, de amor, dizer é o bastante? Como pode ser se no instante de amar nada pode ser dito, o amor é inaudito, é inédito e sedutor, é infalível e vencedor, é tudo dentro de si mesmo. Amor é andar a esmo sem ter medo de se perder, é pagar pra não ver, é entregar sem medir. Amor é acordar sem dormir, é sonhar sem reticências. É perseverar na inocência mesmo depois de ser violado, é naufragar no acaso e emergir no tempo.

Amar não é ser amado, amar é habitar no infinito, é guerrear sem inimigos, lutar contra sua própria vontade.

É responder com silêncio e falar com os olhares, é mapear a verdade e viajar no pensamento.

Mas eu não posso, não consigo, o meu amor não tem palavra, o tudo que me consome tem um único pronome que ecoa em toda minha vida, e tem um nome predileto, tem um vocábulo certo , um destino concreto, uma definitiva meta. Uma cor, um toque breve, um sorriso que já não vejo e um inesquecível som, um beijo esquecido, um ideal não vivido, e o seu nome é...

O seu nome!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 21/06/2013
Código do texto: T4352641
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