De tanto te amar!

De tanto te amar!

De tanto te amar, percorri desertos, mundos incertos.

Indagueis ciganas sobre vidas profanas.

Nas linhas da mão rios de ilusões.

Solidão explicada, questionada, palma das mãos.

De tanto te amar permaneci estático olhando a curva do rio.

Olhando as águas levando saudade.

Lembranças que o vento não dissipou.

O afago da tua voz que o coração não calou.

De tanto te amar...

Vaguei pelos bares, pelos botequins.

Vaguei pelas igrejas, me perdi na penumbra da noite.

Aconcheguei-me em cama de cabaré.

Ondas que se quebram nas pedras na lua minguante.

De tanto te amar...

Busquei a solidão da montanha, quietude que silencia.

Percorri encostas e ribanceiras, trilhas clareiras.

Aconcheguei-me em lapide de cavernas.

De tanto te amar emudeci, não falei com irmãos.

Não regozijei.

Calei-me.

Vi na orla da cidade a fome.

A miséria de mãos dadas com a maldade.

Vi o braço armado impondo sua própria lei em terra sem lei.

Desacreditei.

De tanto te amar...

Não percebi o tempo indo, minguando, findando.

Apenas tormentas remexendo passado.

Nuvens do meu céu sem estrelas, sem canção.

Amor, apenas amor e um só coração.

Largados no tempo.

Folha seca carregada pelo vento sem direção.

Alucinação.

De tanto te amar!

Rosas na escuridão, que não se despetala.

Lágrimas na escuridão que não se cala, entregues a própria fala.

De tanto amar...

Entre o tempo e os tempos idos, pereci.

Sentindo o perfume exalado de cada pétala da minha flor ímpar!

Amantino silva