DE MAOS DADAS

De Maos Dadas

de maos dadas a minha tristeza

saio navegando mares de desespero.

A alegria prometida

era pouca e se acabou

o amor que me tinham

era raro e terminou.

alguem me decepcionou ? alguem nao.

tods.

amigos inimigos,

amadas namoradas,

parentes primos,

cunhados descarados,

falharam, mataram

mataram e remataram.

e para ter certeza,

de novo,

devagar,

com aquele carinho dedicado,

empenhado,

mataram outra vez.

agora sim .... podem dizer que pena,

alma tao boa,

tadinho,

morreu atoa,

tanto amor ofereceu, bobo alegre,

nao e' atoa que morreu.

amor ?

quem precisa ?

ha'... que pode haver de melhor

do que uma grana da boa,

um carrao arranca olho,

uma casa que ostenta,

uma adega opulenta,

lista de vinho que sai e entra.

um Chopain mais lindo se tocando,

artes enlivrecidas a mostra das visitas,

e a plastica bem sucedida.

os enterros que se vai

para que digam,

que bonito, uau,

veio ate' o tal...

armados de lencinho enxuga lagrimas

na bolsa, lado a lado ao baton da Happy hour.

fui tao importante....

depois de morto...quem nao e' ?

me flecharam,

despelaram,

minhas carnes devoraram

sem sal nem pimenta.

so' contentamento.

zero pena nem condimento.

quando vivo ?

nao economizaram torturas.

minha dor

para eles , uma fonte de amor.

meu suplicio,

minha ferida,

fornecia noite bem dormida.

ha' que gente boa !!!

quanta simpatia,

altruismo escondendo egoism.

que mais importa se nao o tapete persa ?

portinari na parede,

brozes, estatuas, bordado da grecia,

a empregadinha corretamente uniformizada

entra flutuante numa vozinha surda

cafe'? agua? acucar ou adocante?

depois desse tango imaculado

por bach e vinicius dancado

me encontro de novo

na chuva da rua...

aqueles restos de opulencia,

decaindo, sumindo,

memorias de passado de um conteudo fraco.

fico pensando no tapete persa prostrado,

no quadro da parede frustrado,

e no meu taxi que nao chega.