Balela

Balela

Os pés descalços

Caminham evitando percalços

Tateiam o solo, fugindo do caminho falso

Sempre em sua busca, ao seu encalço.

No contato da sola do pé com a epiderme da terra

Comprime suas incertezas, suas dúvidas enterra

Toda sua insegurança subitamente se encerra

A energia telúrica invade sua alma e vence a guerra.

Buscar-lhe é sempre o único caminho

O poeta já declamava que é impossível ser feliz sozinho

Você é meu ar, meu alimento, meu pão e meu vinho

Minha carícia de pétala, minha dor do espinho.

Sem você, tudo é tão vazio

O sol não nasce, faz frio

Torna-se intransponível o desafio

Prolonga-se o interminável estio.

Você é meu destino, meu fim e o começo

Tudo que quero,preciso e não tem preço

Meu complemento,minha melhor parte e meu avesso

Minha liberdade, meu voo, minha inércia e meu gesso.

Minha ponte, meu porto seguro, minha cela

Na noite escura, meu farol e minha vela

Cor que dá vida à minha branca tela

Minha verdade nessa vida de balela.

Leonardo Andrade