POEMA À AMADA DISTANTE
Oh, amada, perdoe-me os versos que perdi:
Aberta estava a janela, do vento me esqueci;
Mas soube pelos jornais do dia que uma amante desesperada
Salvou-se de saltar da ponte ao ler palavras a ela levadas
Pela tempestade que de repente aconteceu ao redor;
Melhor assim, acontecer o melhor e não o pior...
Amada minha, que me desculpe pela falta de jeito,
Escrevi sonhos que sonhara um dia e ao abrir meu peito
Muitos liam todos aqueles acontecimentos e fatos;
Fiz-me livro à quem passava e a quem procurava atos
Que lhes fizessem de rumo mudar por um dia melhor;
Melhor que assim lêssem e não buscassem o pior...
Única amada, afastei-me, eu sei, de teu límpido rio;
É que ao redor percebi corações tiritando de frio,
Fiz-me tecelão a compor calor com linhas e agulhas,
Do clarão do sol apanhei algumas das inúmeras fagulhas;
Pus-me a cantar versos cheios de puro explendor,
Que fossem unguentos a quem de amor sentisse dor;
E assim, já longe do teu leito e a tornar-me trovador,
Por amar tanto tanto me afastei de meu único amor.
Oh amada, que celestes estrelas desfrutam de teus olhos tristes,
Que os meus molhados estão, já disse quem os viste;
De um tempo nascerá um dia e por ele farei a minha volta,
Cansado mesmo e feliz em igual tempo baterei à tua porta,
Sei que abrirás mais que trancas, teus carinhosos braços,
Eu, que apartado fui de ti, me entregarei para sempre,
Coração puro e alma franca, aos teus laços.