OS CICLOS DO AMOR

Amar é estar em um estado de graça,
Sentir-se leve, fluído, iluminado.
As horas, em que os amantes estão distantes,
São contadas como pausas angustiantes,
Que antecedem o reencontrar com o ser amado.
Não importa o motivo que os retêm afastados,
Compensa-se, com o gozo intenso, o tempo perdido.
As juras são fartas de um amor eterno, fiel e apaixonado.
O revés, no entanto, é dor dilacerada,
O amor se ausenta repentino, na visão do enamorado,
Enquanto, para o outro, foi decisão refletida e maturada.
Não tem como um dos dois não ficar magoado.
Do sentimento anterior, nítido, puro e espontâneo,
Surge em ira a fúria crescente, e o ódio é cultivado.
Histórias e segredos são expostos e maculados,
Vem a público, o que era só dos dois, intimidades.
O quebra-quebra estoura sem pudor, e nada é contido.
Renegam-se, agridem-se, como se o amor nunca os tivesse unido.
Até que a razão se imponha ao ex-casal,
Implodindo o construído, explodindo-os em lágrimas.
Segue-se, então, um luto mudo e comportado,
Até que surja um novo par, e tudo é recomeçado.


                                                                                              
2006