Amor gaúcho:


Há muitos anos atrás, neste pago eu cheguei,
era dezembro, dia quinze do ano quarenta e seis.

Minha mãe me botou no mundo, e me deu a liberdade
de correr solto pelos campos onde me sinto à vontade.

Sou peão por natureza, sinto amor por este chão,
tenho cuia e erva boa pra saborear um chimarrão.

Sou meio assim, bagual... sou livre sou redomão,
só as prendas são o cabresto, que prendem meu coração.

No galpão a peonada em volta ao fogo de chão,
uma cachaça da boa vai rodando, de mão em mão.

Pra espantar o frio da geada que cai lá fora,
alguém canta uma milonga, ao som da viola que chora.

Preciso de uma prenda pra acabar minha solidão,
por isso prenda venha aqui, pra morar no meu rincão.

De presente te dou meu rancho, e também o meu amor,
venha logo minha prenda, viver ao lado deste sonhador.

Se acaso for preciso, um dia encilho o meu pingo,
dou uma volta no teu rancho e te carrego comigo.

Não importa teus parentes, nem o que eles vão dizer,
aqui terás meu amor, um bom motivo para viver.

Balneário dos Prazeres: 11/04/2007