O Amor sempre vence
... ele já não a olha nos olhos,
apenas sente que de alguma forma o momento passou,
muitas vezes fica de longe,
observando com cuidado para não ser notado,
e se perguntando: Onde foi parar tudo aquilo?
a sede de um olhar, a ânsia por um sorriso, aquela vontade de fazer nada, desde que fosse com ela.
Ele deixou a vida enferrujar as engrenagens do seu amor.
Ele ainda ama,
mas não se importa,
sente no fundo que a qualquer momento tudo vai desmoronar,
e nem esta sensação lhe trás desespero,
como um mero expectador de um filme ruim no cinema,
apenas espera a frase "the end" para se levantar e ir embora.
As vezes sorri,
lembrando momentos engraçados vividos ao lado dela,
então sente lá no fundo que algo ainda está aceso,
e precisa buscar como reacender este sentimento.
Parado diante dela, agora finalmente olhando nos olhos,
as palavras não vem, e gaguejando escuta dela:
_ Tudo bem. Eu entendo você.
Sente vontade de chorar,
gritar para quem quiser ouvir,
tudo que está retido no peito há anos,
mas simplesmente baixa os olhos, se vira e sai.
Sua covardia diante de algo que ele fez inevitável,
supera a vontade de enfrentar, reagir, fazer diferente.
Numa manhã de domingo,
ele acorda achando que será mais uma segunda travestida,
mas algo está diferente.
Há um aroma adocicado no ar,
e ele se recorda no instante em que seu sentido lhe diz,
é o mesmo aroma que ela usava quando se conheceram.
Tenta se convencer de que aquilo é um coincidência,
mas no fundo do peito adoraria que não o fosse.
Olha ao lado, o quarto está vazio,
desconcertado olhando para fresta da porta que está entreaberta,
ele se inclina até o travesseiro dela e busca sentir o seu aroma,
para reforçar a vontade de voltar a sentir aquele calor confortável e aconchegante que ela sempre lhe causou...
Uma certeza lhe vem:
_ Eu amo você.