ADEUS TARDIO

Nunca pensei que pudesse eu,
Que não sou mais o garotão de outrora,
Ser promovido a acessório sexual, boneco inflável,
Daqueles com quem se esfrega, goza e joga fora.
Imaginei que amando a parceira de tantas horas,
Mereceria pouco mais, que uma trepada fulgaz.
Quando "galinha" assumido, há muito tempo atrás,
Teria adorado, uma relação tão sem compromisso.
Deveria tê-la ouvido e me mantido a distância,
Julguei que ainda fosse possível te conquistar,
Esqueci que não adianta, um só amar.
Como aceitei esta estúpida brincadeira?
Você diz o que posso e quando fazer,
Você pode me chamar ou se esconder.
Eu te disse que queria ser feliz,
Amar e ser amado,
Tendo você ao meu lado,
Pouco antes de ouvir sua gargalhada.
A dúvida permanente, que você diz ter,
É sobre o que de fato quer,
O que não quer, não precisa falar,
Está estampado no brilho opaco do seu olhar,
Todas as vezes que, incomodada, ao meu evita.
Pra você, um ano serviu pra me esquecer.
Desculpe-me, quero mais um, sem te ver.
Porque você não pode dizer “sim”?
Porque eu não soube ouvir “fim”?
Assim chegou a hora da despedida,
Do Adeus tardio.
Vai meu amor encontre seu rumo.
Eu d’aqui me remendo e me aprumo.
Melhor que eu vá e me resguarde,
Com o que sobrou de auto-estima,
Ego, amor próprio, dignidade.

                                                                                       
2006