EM BUSCA DO AMOR

Neste desespero que me toma os sentidos
Tento não sentir, e não sentindo
Não me desesperar
Pois tua foto acaso me encontra
E me toma algumas lágrimas
E o tempo da tua ausência, em minha mente
Se torna abjeta oblação
Miscível aos meus pensamentos

Uma voz ecoa, soa do outro lado do abismo
Desligo o telefone e me afogo em versos e lágrimas
Eu que tenho como lápide as estrelas incinerando-se
Em teus olhos...
Eu que tenho como epitáfio a esperança em teu ser
E a noite caindo sob meu olhar cansado
Verifico, pois, o céu. Mas não encontro estrelas
Nem aquela que chama pelo teu nome
E quando alvorece o dia, ela me chama nos teus olhos
Ao lado do travesseiro molhado, quando se despede

Por que há auroras, tardes e manhãs, se tudo que quero
É alimentar-me da tristeza da noite?
Por que há dias de brisa, noites perplexas e ocultas
Se te envolves em nuvens e não te despedes de mim?
Quero chorar, mas preciso falar-lhe algo
O que tenho a dizer tem de ser logo
Meus olhos não estão agüentando, não suporto mais
Preciso dizer-lhe algo...

Uma foto tenho cá comigo, e também a voz que ouço sempre
Como lembranças de ti...
Canções emanam tristes no espaço estratosférico
E a luz observa as lágrimas se perdendo
Descendo em meu rosto teu
Onde estás, ó brisa que sopra no mar (olhos da aurora),
Que vestes as madrugadas de orvalho e carmesim?
Por que te ocultas nos véus da noite, e teus mistérios
Deitas nos espectros da vida, fazendo-te essência
Num suave e sublime, num singelo entardecer?

Tudo, tudo está perdido.
Todas as coisas estão fora do lugar
Deito-me em cinzas, destruo as lápides e os epitáfios
Mais belos, e as palavras mais sábias deixam de existir
Furto todos os livros enfáticos, os belos, os loucos
As prosas e as filosofias, toda matemática
Toda gramática e as poesias...
Tudo se sustém sem porvir. As mulheres não têm mais útero
Espírito algum há nos homens, desejos, segredos...
Não! Não há!
Não há sol, não há lua. Não há crepúsculos vespertinos
Não há mais lágrimas para os olhos, nem sorrisos
Nem repouso para o corpo. Não há! Não há o tudo e o nada
E o tudo, e o perdido desfalecem
E o achado beija flores silvestres, ciprestes...
Pois não há!

Eu sou como a estrela refulgente. Não sei se me amarás
Daqui há uma eternidade...
O já não tem pressa, não vê teu sorriso, não vê minha
Face debruçada sobre o tudo e sob o nada
Na calmaria na qual se prostra minha tristeza
Procurando-te me lembrar
Então saio de mim e vejo que estou enlouquecendo
E vislumbro uma estrela chamejante e a lua que sorri
E pessoas cruzam meu caminho, e as observo
Como se não fossem, pois todas as distâncias
Chamam teu nome, todas as palavras gritam por ti
Todos os sóis, toda a beleza distinta
Toda criança perdida quer te encontrar...
Saio de mim, e vejo que estou me perdendo
E toda a Vida e todo o Universo morre em mim
Sem tua presença, tua doce presença, tua meiga presença
Busco segredos, busco arrimos, busco palavras,
Busco rios que nos unam, que te encontre e te não veja
Mas que me não perca e não seja o mundo tão pequeno
E tão sem graça sem ti...

Desculpa-me! Eu sou a estrela cintilante
A estrela cadente – estou prestes a luzir cores de quando
Astros se perdem no espaço sideral, no Universo do amor...
E se sou hoje um segundo, minha efemeridade
Já foi uma eternidade à tua espera até que viestes
E pude te amar
E na janela do quarto vejo através da porta aberta
A moça, a cadeira, o copo, a mesa e a tristeza nos olhos
Sou a luz que alumia o copo, que ofusca a mesa, que ama
Os teus olhos, que te adora, que inventa um sorriso
Que não contém uma lágrima, que não contém uma só noite
Mas agora...
Agora a noite cai sob meus olhos cansados
Verifico, mas não encontro no céu estrelas
Porém, deixa o dia alvorecer, deixa a noite dormir
Para que então me assevere, certifique-me
Desta póstuma felicidade
Protestando a mim e aos meus últimos segundos
E em você me chamando e me buscando...
Para que pelo teu nome me encontre em ti
Pois onde quer que vá...
Estarei com você!


Sugestão:

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jairomellis
Enviado por jairomellis em 14/04/2007
Código do texto: T449837
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