Meu compasso indefinido
Estou desconstruindo o amor
Eu que sempre, metodicamente, construí tudo
Apossei-me das melhores ferramentas
Construí a mim
Eu, comigo mesma
Eu, cheia de dor
Eu, cheia de arrepios
Ao lembrar que você nunca precisou ser esculpido
Era a forma em si
Deformando e formando eus
Que, claro, deixavam-me sem voz
Apenas a observar
Seus olhos brilhando
Enquanto os meus iam escaneando
Tentando desesperadamente pertencer à você
Sentia-me sendo rasgada
Os cacos jogados no chão
Meu corpo tremendo
Medo?
Indecisão?
Decisão?
Eu, estava sendo arrastada para o inferno
Entende?
O interior me consumindo
E você lá, parado, rindo e sorrindo para mim
Que buscava entender qualquer coisa para me sentir segura
Ao mesmo tempo querendo deixar-se levar
Sem regras absolutas
Apenas ir
Seguir o indefinido
Gritava!
Energia...
Suas palavras eram como um soco em meu rosto
Uma punhalada nas costas da maneira mais intima
Seu amor era meu desamor, minha poesia mais obscura
Minha rima descompassada
Percebi que não sei mais nada
A realidade das coisas não me pertence mais
Construir o quê?
As lágrimas queimam minha pele
Que na verdade não arde
Mas pede, implora,
Mais, mais, mais...