Meu compasso indefinido

Estou desconstruindo o amor

Eu que sempre, metodicamente, construí tudo

Apossei-me das melhores ferramentas

Construí a mim

Eu, comigo mesma

Eu, cheia de dor

Eu, cheia de arrepios

Ao lembrar que você nunca precisou ser esculpido

Era a forma em si

Deformando e formando eus

Que, claro, deixavam-me sem voz

Apenas a observar

Seus olhos brilhando

Enquanto os meus iam escaneando

Tentando desesperadamente pertencer à você

Sentia-me sendo rasgada

Os cacos jogados no chão

Meu corpo tremendo

Medo?

Indecisão?

Decisão?

Eu, estava sendo arrastada para o inferno

Entende?

O interior me consumindo

E você lá, parado, rindo e sorrindo para mim

Que buscava entender qualquer coisa para me sentir segura

Ao mesmo tempo querendo deixar-se levar

Sem regras absolutas

Apenas ir

Seguir o indefinido

Gritava!

Energia...

Suas palavras eram como um soco em meu rosto

Uma punhalada nas costas da maneira mais intima

Seu amor era meu desamor, minha poesia mais obscura

Minha rima descompassada

Percebi que não sei mais nada

A realidade das coisas não me pertence mais

Construir o quê?

As lágrimas queimam minha pele

Que na verdade não arde

Mas pede, implora,

Mais, mais, mais...

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 05/10/2013
Código do texto: T4512180
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