Tarumã

Foi ali nas margens do rio Calçoene e seu esplendor

O lugar onde o curumim Ubiraci nasceu

Tupã era seu genitor

Por isso ele respeitava e amava a natureza em que cresceu

Um dia caminhando pela floresta

Viu uma nativa linda de cabelos negros e olhos de estrela cintilante

Ela rapidamente desapareceu de vista

Deixando Ubiraci desolado com a perda daquela beleza fulgurante

Procurou e procurou por toda a floresta escura

Em todos os igarapés, árvores e montanhas

Não a encontrava e perdia-se na secura

E no frio sentido até nas entranhas

Era estranho como Ubiraci sentia falta da nativa formosa

Mesmo ela estando tão perto dos seus caminhos

Ela estava em cada manhã, em cada noite ruidosa

Em cada maresia e em cada canto dos passarinhos

No entanto a desilusão falou mais alto e o tornou arredio

O nativo esqueceu-se de buscar respostas na natureza

A natureza era na verdade a nativa do olhar luzidio

Ele não viu os sinais e abraçou a tristeza

Numa noite de luar e de procura incessante

Ubiraci viu a imagem da lua refletida no rio

E acreditou que naquele mundo refletido adiante

Morava sua amada da pele bronzeada que lhe preencheria o coração vazio

E assim Ubiraci afogou-se

Na sua impetuosa paixão

No fundo perdeu-se

Qual Narciso perdeu-se na admiração

Tupã ficou imensamente consternado

E pediu à natureza que transformasse o nativo desolado

Numa bela árvore no meio do rio onde pela paixão foi afogado

Para que ele fosse para sempre lembrado

Mas durante a noite a árvore desprendia suas raízes do leito

E navegava contra a correnteza

Os nativos da aldeia cortaram-no para o mal ser desfeito

Deixando apenas o tronco e sua estranheza

Mesmo assim

Nas noites frias da floresta o tronco continuou a navegar contra a corrente

Enfim

Os nativos da região, com medo, abandonaram o local, junto com sua gente