SOU EU QUEM AGRADECE!

SOU EU QUEM AGRADECE!

E aquele poema

subiu em lugares arriscados

só para agradecer

a minha vida!

Roubou-me um beijo, um cheiro

um sorriso

de goiabada com queijo

Sorri nas células

como uma moçoila debutante

olhando pela fresta da veneziana

o seresteiro que para ela tocava

aquela bela e doce canção

que dos altos muros a libertava

E foi com o coração aos pulos

Que sorri e abracei aquele poema

Não sei se ele sentiu

Mas aqui

Trêmula,

deixei cair até a pena

Derramei toda a tinta

naquele rio que passou

É porque podia lhe falar de tudo

Mas não podia lhe falar de amor

E não sabia o tal poema

que era eu quem tinha que agradecer

por todas as letras

por todas as graças

por todas as coisas sérias,

pela distancia que me ensinava a saudade

por todos os mistérios que continha o seu olhar

Por sua voz a me encantar...

Era eu quem tinha que agradecer

Porque do lado de fora do livro

Pude um dia

esse diamantado poema

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