Contraponto
Bendito é o teu olhar
azul e profundo
da cor do mar.
Benditas são as tuas mãos
entrelaçadas nas minhas.
Maldita é a poesia de tua boca,
teu veneno destilado
em meio a sorrisos
meus delírios
nas noites pálidas.
Saudade de não sei o quê...
Sinto-me só,
nua.
A alma não cala.
No fundo do meu baú
procuro:
o bendito âmbar em forma de gota
das lágrimas das Helíades
(para afastar os maus espíritos).
Guardo a sete chaves
dentro de um esconderijo,
cristais e sombras de mim mesma;
faíscas.
Ai, como dói!
As marcas - rosas sangrentas -
o amor que nunca morrerá.
Meu lugar é aqui.
Na horas malditas de tua ausência.
Faz de conta - juras secretas -
feche os olhos
e dorme menino
em meu colo bendito.
(Verônica Partinski)