Estações dos meus afetos
Estações dos meus afetos
Sabemos um do outro; identificamos-nos pelos: sorrisos; olhares... Passos lentos rumo ao nevoeiro que se esconde a mais bela paisagem. Seus cabelos emolduram seu rosto delicadamente ovalado; sua face alva, seus lábios carmezim, que despertam em mim a cobiça me levam a cultivar a ilusão de vivermos dos olhares, ou até mesmo queria eu contemplar em silencio sua imagem no intuito de desvelar os seus desejos. Pois se amamos os olhos e o pensamento, envolvem o “objeto de desejo” como se fossem mãos para colhê-lo.
És mulher sedutora, exuberante que se exibe entre os últimos flocos da nuvem que a brisa sopra para a montanha. Sob a luz pálida do luar seu rosto jovial com traços sensuais penetra a suavidade sublime das nuvens. A emoção toma conta de mim faz ressurgir a inclinação afetiva sensual intensa como o “amor ardente que já nos meus olhos tão puro viste”; amor testemunhado pelo céu, estrelas e mar.
Como brisa suave me acaricia e aos poucos vou me rendendo à serenidade, à ressonância e noto a harmonia entre as sólidas curvas do teu corpo que causa inveja nas curvas da areia à sensualidade ondulante das curvas do mar.
O céu torna-se ainda mais azul, as ondas do mar avançam cambalhotas sobre a areia quente; o mar beija a terra e o céu se curva para acariciar as águas. Nas estações dos meus afetos sinto um forte desejo: morrer no outono, mas depois de ultrapassar infinitos verões. [...] E com os pés no mar erguer os braços, saudar o outono e oferecer meu corpo às suas carícias minha doce amada.