Amante imperatriz
Oh, clamada imperatriz,
Deixa-me te servir,
Faz-me do amor teu aprendiz
E permita-me também sorrir.
Dá sentido para essa vida
Que se extingue contando horas
Desperta-me a alegria ressentida
Com o calor com que me ancoras.
Quero reaver teu largo beiço
E serenar em teus encantos
Nos níveis braços em que adormeço
Ouvindo os lírios desses teus cantos.
Tua presença me é esmerada
A que me acordes da solidão,
Que me pranta em madrugada
Quando estou só nessa ilusão.
A sensação de companhia
Só me a fornece teu alento
Mas dura pouco, menos que o dia
Pois já não a sinto em meu aposento.
Que te dizer sobre o olhar?
Hipnótico esse cupido,
Que me doma sem avisar,
Num coração enlouquecido.
A tua imagem afixada
Drena as cores do vasto mundo
E a cada passo, a cada olhada
É teu ressalte em meio ao fundo.
São batimentos descontrolados
Se te aproximas em demasia
E vasos de sangue cristalizados
Se teu amor é fantasia.
O teu sorriso me é um presente
Que o guardo adentro meu coração
E de tão lindo a alma o sente
A transformá-lo em perene recordação.
E há do teu beijo o prazer
O qual não quero vire lembrança,
É o doce sabor eterno a querer
O perpétuo dessa aliança.
Te quero hoje e amanhã,
Conforme ou não tua recusa
Não me é esperança vã
Saber que a alma o amor a usa.
Sou empregado do teu amor:
Um império puro e dominante,
Sou pai da paixão e filho da dor,
Escravo de ti, da minha vida a amante.