ROSA

Nesta fonte’m meu regresso,

Meio triste e cabisbaixa

Ao relento na relva acha...

Flor distinta e perfumada!

Dedilhando n’água ondas

Projetadas em coração,

Riso abre com esta ação...

Em mão contente, aspirada!

Ó meiga menina minha!

Quando surge de repente,

Entre galhos, bem em frente...

Olhar meu não desatina.

Feliz sempre, e como brilha!

Ao ver Rosa e o colorido,

Pasmado eu, e distraído...

Com a flor gentil e fina!

Assim surgem sentimentos,

Amor puro que me traz!

Tão divino, tanto mais...

Ambrosia qu’entorpece!

Rosa minha é desta forma,

Amorosa e um tanto leve,

Alva, simples, como a neve...

De tão límpida, enobrece!

Ó! Mais bela que as demais,

A fragrante e linda Rosa!

Prefiro a ela, mais cheirosa

Que outras belas do jardim.

E ligeiro quando chego,

Vejo Rosa - minha diva!

Falar-me doce e afetiva...

O amor que corteja a mim!

Um encontro dos meus sonhos,

Pela várzea desta flora,

Com esta Rosa, perc’a hora...

Em tua boca, meu desejo!

Paraliso com o tempo,

Aroma teu, suspirando,

Em ditosos lábios brandos...

Que m’enlaça amável beijo!

Ó tempos inesquecíveis...

Em tardes d’estio d’outubro:

Teu rosto pintado em rubro,

Refletindo amor n’olhar!

Na branda brisa praieira,

Bem me lembro daquela hora,

Ao rogar-te sem demora,

Um beijar defronte ao mar!

Mas o crepúsculo em tarde,

Tristonho vem, bem mesclado,

D’estrelas em céu acabado...

Tragando o doce amor no ar!

Deixar a Rosa – é o momento.

Em pranto que me dispara,

Desabraçando, ela para...

Impedida de voltar!

Mesmo assim, fecha-se o dia,

Junto a ele, um fardo de flores,

Em pulcro lar de primores...

Sinto em peito um’agonia!

Ah! Não queria o amanhã,

Pois tenho hoje doce Rosa,

Reflexiva e carinhosa...

Que na fonte, embevecia!

Carmo de Oliveira