COLISÃO PAIXÃO AMOR

Alguns momentos se colidem nas transições daquilo que acreditamos ser real e imaginário. Essa colisão causa estragos em tudo que é estacionário, parado, imóvel, preso ao passado. Dos estilhaços surgem pedaços de sonhos realizados, de causas e efeitos, de desejos sublimados. Atiro em águas paradas cascalhos pesados, dos atritos fluidos deslizam meus olhos inundados das visões do horizonte, das linhas que se perdem em ondas que se formam, as águas não mais paradas me trazem aos pés os passos mergulhados em terra molhada, pegadas que se apagam, vivencias fluidas em sentimentos e emoções profundas e sublimes, em paixão feito vulcão, em amor e libertação, se colidem naquilo que acreditamos ser real e imaginário. Uma linda mulher cruzou meu olhar no momento de maior concentração, me tirou do lugar, sai de mim, foquei nela, desfoquei da realidade, entrei em outra realidade, me senti real, totalmente carnal, sublimei em palpitações, mergulhei nas tentações. Essa mulher que não tem nome se chama arrebentação, me causou estragos, me deixou em pedaços, mas foi nesse caso que me enxerguei por completo, pedaço por pedaço, e de perto pude perceber que nos limites do coração havia uma xícara de xá preto ao por do sol, num dia de outono, na varanda, numa cadeira de balanço. Me balancei e bebi o chá e me esqueci de me juntar, esqueci de colar os cacos, deixei pra lá, era amor a xícara de chá, me fez esquecer de mim, me deixei levar. Dizem que amar é libertar, liberto estou, atirado no aroma do chá que monta na brisa e vai pra lá onde nem mesmo o horizonte pode tocar.