LABIRINTO PRAZEROSO

Se vejo arte nas formas de um galho de amendoeira,

se vejo as águas teimosas descendo por eternas corredeiras,

me banho sem querer no teu abraço de paz inteira.

Vou me abstendo aos poucos do direito de me questionar

aceitando você na visão quase turva do meu olhar,

abrindo os olhos altaneiros para a humildade de te aceitar,

qual redenção da minha negação que insiste em evitar.

Porque você insiste em ficar,

E não gosto gostando desse bem à fermentar

que a minha alma tenta negar,

que minha fé envaidecida persiste em deplorar.

Enquanto esse teu labirinto prazeroso

me prende no teu feitiço de ninar,

e teu seio devasso e materno me induz a um insano delirar,

silenciando até o grito do meu medo num entorpecente calar.