TE AMO EM SILÊNCIO

I

Coisas
Tantas coisas
Mundos
Tantos mundos
Mas você
É única
Pensamentos...
Conscientes, inconscientes
Só pensam em você
Mas não há quem me liberte
Desta introversão
Por favor, falem por mim!
Não, não! Não falem!
Seria o fim!
Eu te amo em silêncio
E no silêncio do meu silêncio
Descansam palavras ansiosas
Loucas para gritar ao mundo
E se alguém te contar?
E se alguém te falar?
Mas... todo o Universo se cala ante o
Meu silêncio
Pois os pássaros, as nuvens, a brisa
O mar e suas ondas
Todos respeitam meu sentimento
E silenciam-se num momento
Eu ouço a chuva chorar
Eu vejo o sol a brilhar
As noites sem fim
O amor que não cessa
As palavras em mim
Que vão e regressam
O olhar extático da aurora que me persegue
Ah! Daria meu coração a outro
Que soubesse te amar
Pois eu te amo
Te amo em silêncio
Num desejo inclemente
Possuído por essa vertente
E volto a me afastar...


II

Agora farei meu epitáfio
Deixem-me quieto
Quero pensar!
Nas pedras cravadas, teu nome
O nome a que sempre amei
Linda!
Tua beleza me cega
Tua doçura faz de mim um absurdo
Afinal, quem sou eu para te amar
E assim, abertamente me declarar?
Tua voz meiga me tira o fôlego
Desfaleço de amor!
Saberias se os teus ouvidos
Recumbindo em meu peito pudessem estar
Que loucura! Que ritmia!
Que nada! É você!
Como te dizer?
Poderás achar engraçado
Ou ferir meu coração
E teu olhar me deixará estagnado
Na esperança ansiosa das palavras
Que fogem...
À espera dos teus lábios se abrindo
E respondendo-me qualquer coisa:
Sim ou não!
Tanto faz, já fiquei surdo mesmo!
Teus gestos serão apenas gestos
Como ritos floridos em cores
A Lua sorrindo, a Terra tremendo
As nuvens jazendo cinerárias
Os mares se afogando... Na vida!
Eu guardei todas as minhas serestas
No coração dos mares
E se agora insurgir junto ao vento
Intrépido a revelar meus segredos ocultos?
Sinto-me patético
Sinto-me obtuso
Mas o vento traz consigo
O eflúvio álacre que emerge
Te amo (meu segredo)!
Eu continuo te amando em silêncio
Será que ninguém compreende
Que na verdade existem coisas
Tantas coisas para te falar?

III

O vento diz ser meu servo
E os astros do céu reluzem
Num coro, num canto baixinho
Mas é tão triste...
Todos estão tão tristes!
Serei eu a vossa tristeza?
Pois prometestes eterna lealdade
E nas vossas conversas
Professastes este segredo guardar
Sereno aguardo este misterioso desfecho
As autoridades celestes se reúnem
Vêm as sombras
O mar se agita dizendo alguma coisa
As estrelas param de cantar e respondem
Numa linguagem imortal
E todos os olhos da Terra e do Universo
Então se abrem e observam o meu silêncio
Se desesperam, combinam algo
Suprimem de mim o espírito
E o vento me leva, ruflante, em seus ares alados
Mas eia lá! Eu conheço esta rua!
Vento, porque me trazes para cá?
Eia lá, eu conheço esta casa
E também quem mora lá!
Princesa! Linda! Deusa!
Não, não me leves...
Ficarei retido em meus pensamentos
Ainda que as flores, que a Terra, que o Mar
Que as Estrelas comecem a chorar
Eu não direi porque sou louco por ela...
Não, vento!
Poupe-me deste sofrimento
E deixa-me viver de esperanças
Eu não direi!
Continuarei a amar-lhe em silêncio
Ah! Eu te amo em silêncio
Te amo! Te amo! Te amo!
Te adoro! Te adoro!
Mas já estou à tua porta
Respiro ofegante e o vento bate veemente
Então surges, abrindo a porta suavemente
Estou mudo, petrificado
Nem sei se sou eu ou meu pensamento...
Eu não direi! – sussurro ao vento
E o Sol se põe no ocaso
Como se o crepúsculo vespertino
Pudesse me comover
Olho para o céu de estrelas mortas
Sol, Lua, Chuva, Brilho em teus olhos
...Conspiram todas as forças do Universo
E o vento fala ao coração dos mares,
Às ondas do mar
E de repente me toma os versos
Todas as palavras de amor
O papel, a tinta
A tinta, o papel
E te entrega sorrindo...
Todas estas palavras em tuas mãos
Meu coração em tuas mãos
E o vento leva-me de volta para o silêncio
O silêncio do meu silêncio

E agora? E agora? E agora?

jairomellis
Enviado por jairomellis em 22/04/2007
Código do texto: T459440
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