(AMOR) CONTRA AS REGRAS
Oponho-me a esse amor
que se vende em versos pobres
nas brancas páginas de um livro vazio.
Proponho um amor confuso
como um dia de bebedeira,
difícil
como caminhar em um barco
sobre tempestuosas ondas.
Quero um amor
que me parta em dois pedaços
e me tire do comodismo
de ficar dizendo "ai, ai"
entre uma canção e outra.
Um amor no qual eu não tema
por me oferecer em libação
para os mais impuros lábios.
Oponho-me ao amor choroso,
certinho, de versos armados
numa métrica perfeita.
Proponho-me a um amor arrebatado,
que se atira contra os muros e fica
arrebentado,
vertendo sangue
na cama de uma paixão furiosa.
Quero um amor
que me tire daqui!