Ao Náufrago

Tiveras um pequeno canto e só, estiveste num encanto;

Na janela, um redondo buraco tu fizeste: vês o mundo?

Então num caleidoscópio, existisse mesmo que utópico,

escolhos que estiveram na história daquele naufrágio.

Inevitável em sucessão a escolhas tão imperfeitas.

Tu és afeito ao que fora visão tão única do oceano...

Ponderas sobre o que se formara, mas o acha ao avesso.

Imaginaste ao fundo abissal, nem viste inocentes marolas:

brincavam aos escolhos a mostrar seus lábios em sorriso.

Pensaste estar em mar aberto e afundaste nesta costa.

Navegando cometeu um erro primário de profundidade,

sonhaste acontecer diferente do que tu suspeitavas?

Estás agora em terra seca e te abrigaste da tempestade.

julgas impossível esquecer do que pensa serem perdas,

Mas observe que está abrigado em novo continente...

Esqueças do naufrágio que aconteceu em teu coração;

travessia em face às dificuldades, tal esforço te trouxe em terra.

Enxuga tuas lágrimas, deixando agora de lamentar.

Não queiras dizer que erraste, que foi triste o navegar,

pois sabes da intensidade com que desejaste amar.

Por estrelas tu guiaste e te serviste de olhares,

mirando apenas para o céu, ao passo que singraste...

Julio Cesar da Silva
Enviado por Julio Cesar da Silva em 24/04/2007
Código do texto: T462227
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