Eu Ainda Viverei a Tua espera

Um dia, quando me deixares órfão

das estrelas que cintilam nos teus olhos

e eu não possa mais te ver, cego de ti.

Quando só me acompanhe, além da sombra,

tua ausência, num perfume a me seguir...

O verso nascerá desprotegido

sem zelo que o ampare, imaturo,

à luz acolhedora dos teus olhos.

Talvez não sobreviva ao desconsolo

sem o cálido conforto do teu colo.

Mas nada mudará no que habitas,

as flores seguirão no mesmo ciclo

compondo a resistência do jardim...

E embora eu por fora seja outono,

tu sempre serás flor dentro de mim.

Quando o tempo desgastar os teus encantos

com o ácido dos anos corrosivos

que consome nossos sonhos vida afora:

Podes vir pra te buscar como tu eras

que eu ainda viverei a tua espera

pra te dar de volta a ti como és agora.