Boca da Noite

Abre-te boca

beija-me a voz

faz-me princípio

emoldura-me o sonho

deixa-me abraçar-te!

Quero sorver a negritude do seu ventre...

Boca da noite não mente

espia somente

os laços profundos do amor e

ama

ama com toda a força da despedida e

despida

atreve-se a beijar-me a fronte

já que não tenho boca

para gritar...

contento-me com o chorume do silêncio...

Já é fim de tarde

outras bocas ainda ávidas de paixão

certamente desfrutarão do pálido olhar da noite

e eu...

eu?

Ora, poeta nunca dorme...

contento-me com um beijo na mão

a mesma mão que vai transformar-te

em um lúcido poema!

Chico Nascimento ou Magonleji
Enviado por Chico Nascimento ou Magonleji em 22/01/2014
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