Natureza
Ó grande guerreiro que a Natureza
te foi pródiga em beleza, — difícil de se imitar —
e te deu como presente
o dom que arrasta gente e ao qual ninguém resiste,
... Te escutar!
Porque?
... se até os surdos,
ou os que assim se fazem,
ficam mudos e pasmos,
ao te ouvir falar
e compenetrados,
só despertam,
quando não mais ouvem
tua voz ressoar!
Não precisas delas!
Não precisas fazer platéia!
Elas se formam onde estás!
Ó sábio guerreiro
Só não sabes o que me vai à alma
quando num relance,
te pego em flagrante
a me olhar!
Não sabes como perco a calma
quando não consigo entender
o que quer dizer
teu olhar a me admirar.
Quando olho para dentro dos teus olhos
e num salto consciente, vou buscar
lá no fundo do olhar,
uma resposta
para o sonho que começo a sonhar...
que vertigem!
Tudo roda,
tudo explode!
Perco a calma,
fico imóvel,
já não posso procurar,
pois, qual fumaça contra o vento,
se dissipa o pensamento
no instante de pensar.
Um clarão se agiganta
e na garganta,
num aperto,
morrem todas as palavras,
no momento em que a boca quer falar.
Simplesmente
perco a voz e os movimentos,
se ergo os olhos e te encontro
enfocado em meu olhar.
Já não sei o que fazia
e o que fazer!
Tudo foge,
... só você consigo ver!
E te admiro tanto, que num instante,
num segundo,
toma conta do meu mundo.
E nada mais existe,
... só você!