A SURPRESA
 
 
 
As folhas verdes com as gotas brancas da chuva fina que caiu durante a madrugada tornavam aquele, um frescor de ambiente.
O perfume que ali se exalava vindo das flores, das plantas vivas, da terra úmida e das águas do regato ao lado nos remetia a mil divagações de ternura.
Além disso, era uma manhã de outono já findando para a chegada do verão. As flores estavam vistosas. Alguns botões ainda se abriam lentamente.
O sol, sem nenhuma timidez aos poucos mostrava parte do seu único olho gigante sobre o oceano, ao longo da linha do horizonte.
No lado oposto a lua na sua fase minguante permanecia vagarosa na direção das montanhas nos dizendo adeus.
Alguns pássaros chegavam com seus cantos peculiares enquanto um papagaio buscava sementes do girassol elegantemente exposto no seu caule.
Nesse cenário pitoresco um turbilhão de lembranças agradáveis bailava na minha mente trazendo de volta cada um dos minutos em que eu e a minha amada ali entregamo-nos com sofreguidão e volúpia por tantas e tantas vezes.
Absorto nem percebi o tempo passar. Não percebi que já não estava mais sozinho. Sentia um perfume gostoso espalhado no ar, mas julgava ser daquele recanto.
Permaneci por mais alguns minutos de olhos abertos vendo tudo, mas sem enxergar nada e a surpresa, o inesperado aconteceu.
As mãos finas em braços curtos e mansos me enlaçaram por trás enquanto os lábios finos da mulher mais bela do mundo beijavam o meu pescoço buscando com ternura os meus lábios.
Quando amamos e somos correspondidos não há no mundo nada tão sublime quanto o encontro de duas almas apaixonadas.
Quão lindas são essas surpresas.