ESQUINAS DO ESQUECIMENTO
Meus amigos caíram em um fosso
e desapareceram.
Talvez eu os tenha esquecido
ou eles é que me esqueceram.
Entrei por portas estranhas
em outros cômodos da vida
e o que vi, se não me espantou,
ao menos deixou-me presa
a outras perspectivas.
Os nomes de meus amigos
soavam como canções
quando eu entrava em luta
contra a inclemente solidão.
O que são hoje tais nomes?
Palavras que acionam
lembranças turvas, tortas,
de uma infância falsamente feliz
no quintal da vida.
Sigo esquecendo quem fui
sem saber exatamente
quem hoje eu sou.
E vou caminhando,
entrando em nevoentos cômodos,
dobrando enigmáticas esquinas.