ESQUINAS DO ESQUECIMENTO

Meus amigos caíram em um fosso

e desapareceram.

Talvez eu os tenha esquecido

ou eles é que me esqueceram.

Entrei por portas estranhas

em outros cômodos da vida

e o que vi, se não me espantou,

ao menos deixou-me presa

a outras perspectivas.

Os nomes de meus amigos

soavam como canções

quando eu entrava em luta

contra a inclemente solidão.

O que são hoje tais nomes?

Palavras que acionam

lembranças turvas, tortas,

de uma infância falsamente feliz

no quintal da vida.

Sigo esquecendo quem fui

sem saber exatamente

quem hoje eu sou.

E vou caminhando,

entrando em nevoentos cômodos,

dobrando enigmáticas esquinas.

Viviane Rolando
Enviado por Viviane Rolando em 02/05/2007
Código do texto: T471925