Quando Passas

Quando passas

O caos se harmoniza

em música e luz;

Forma e essência

num balé de maré plena,

em frenética cadência

de estrela fugidia...

A magia se explica

na presença que se evade,

na beleza do que fica.

O ar que te acompanha

se perfuma

e a manhã depõe a bruma

pra luzir no teu olhar,

no compasso dos teus passos

dança vida, o belo dança

em divino ritual

porque pisas com ternura

percorrendo a partitura

de uma trilha musical...

Por onde vais,

aos olhos que te seguem,

tudo podes,

a calçada é um tapete de acordes,

um mosaico de arco-íris e cristais.

A urbe, em transe, desatina...

Olhares cativos e perplexos

banham-se na luz do teu reflexo

que brilha nos espelhos das vitrinas.

Quando passas,

há uma síncope nas luzes do semáforo,

um clamor de campanários e buzinas,

uma inércia passageira nos relógios.

A brisa adeja em volta de teu corpo

na ânsia de aviar a primavera.

Quando passas,

do que fica no que deixas,

do que segue no que levas,

a poesia se elabora

no espaço que transpões.