Aperiantada
A Flor brota, duma gema
Os raminhos sabem a hora
e possuem destino
O jovem ramo florífero
A mercê da luz, e do tempo
desabrocha
Beleza, delicadeza
Cheiro e gosto bom
De todos os seus dons
a ingenuidade, coisa mais pura
Sente o mundo, e seu toque
pela primeira vez
Da rotina da experiência
Por não ter sido colhida
a fim de não murchar
O mundo lhe fecunda
com ideias do querer
A Flor sofre então
metamorfose
Dissipa o seu pistilo
Deixa as pétalas voarem
perfumar o mundo
por mais um, ou dois dias
As sépalas no chão
coletadas às Formigas servirão
Do néctar o Beija-Flor
que sempre lhe chamou de Flôr
Já bebeu, cresceu e se fortaleceu
Aquele gosto bom
se transformou
A Flor, agora aperiantada
avolumou, desenvolveu
mudou de forma, e de fôrma
mudou a cor
A Flor virou fruto
enrijeceu
Seu corpo possui agora
um outro sabor
e no seu íntimo
abriga a semente
que há de reciclar
o seu Amor