Noites e segredos

Noite, noite... O que é que escondes?

Esconde a casa dela! Esconde!

Quem sabe, em ela se perder,

De repente, eu acabo a encontrando?

Esconde os meus olhos!

Esconde! Esconde! Depressa!

A hora não nos acode a tempo!

Relento, vento, amor, calafrio,

Segredos inocentes, sagazes...

O calor dos seus olhos me mata

De espanto. A lua sumiu;

Somente as falenas cortam os pálios

Que reluzem em suas asas.

Pirilampos, fadas safadas, noturnas...

Assombrações assombram as ações,

Descansam em nós seus olhares

Atordoados e atentos. Deslumbre...

Confiantes no destino, na saga, na sina,

Pisamos juntos e sós, o imenso lagar.

De manhã haverá outro vinho,

Novinho em folha, outra verdade,

Tão nua e crua quanto a nossa rua;

Ela nasceu de um existir inocente

Que a razão não aprova, não reprime,

Porém, respeita como original;

Culpa sem pecado, pecado sem culpa....

Druídas, gnomos, vagalumes

E outros singulares seres noturnos,

Acompanham-nos de perto.

Talvez alguma desconfiança também...

Seu olhar, embaraçado no meu,

Se desvencilha e corre, some.

Perde-se no manto negro,

Como criança peralta e saltitante...

Agora, somente eu e você,

Noite densa... Sozinhos de novo...

E ela? Para onde iria, depois dessa

Nova e desconhecida encruzilhada?

Carlinhos Matogrosso.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 06/04/2014
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