Antes de qualquer coisa

Antes de qualquer coisa

Que afora lhe ocorra o que me viesse em azíguo

Dá-me um beijo correndo,

E a paz do teu lindo olhar.

Antes de fechar a porta,

Pára só mais um instantinho

E observa-me a face enrijecida

Pelo medo que traz-me agora

De lá fora poder me esquecer.

Eu me visto e me contemplo ao espelho

E resmungo e esqueço o perdido,

E desfaço por fazer o ferido,

Calando-me ante a face pasmada...

Pelas ruas eu vejo o brilho

Dos teus passos que acalentam a noite

Dos teus gestos que o vazio dos olhares

Inocentes, perguntam-me então

Tanta coisa desse amor transloucado

Que te tenho num temor de passado

Nos afetos que ecoam serenos

Abraçados ao murmúrio e ao silêncio.

E tenho a gritar-lhe tanta coisa aos ouvidos,

Do meu amor que nessas ruas carrego

E que simulo dispersar-se por aí

Quando caminhas e me honras teu pensamento...

Num iterar de aprendiz fabulando,

Brotam lírios, colhem-se estrelas,

Transpõem-se rios, juntam-se os ventos

Nos meus éolos ruflos pensamentos

Que da poltrona da sala de casa

Numa coisa essa de ir-se embora

Calcula as forças que atêm-se aos corpos

E quanticamente, pela poeira deixada à porta

Vão afora a te procurar...

Ah! Não! Não se faça assim

Não me dê um beijo correndo

Nem a paz do teu lindo olhar

Dá-me os teus olhos, teus lindos olhares

E um beijo que de lento, vai fenecendo

Como a vida que vai morrendo, morrendo

De quem sempre, sempre vai te amar!

jairomellis
Enviado por jairomellis em 05/05/2007
Código do texto: T475898
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