Dicotomia...

Dicotomia...

Talvez tu nem mesmo gostes

desse meu sangue tão impetuoso e quente

de meu jeito espirituoso e efervescente...

É que talvez tu não me ames mesmo

quando sou perturbadoramente franco

da chama que arde em minha cabeça

que as vezes até faz com que me pareça

com um louco insensato e sem razão.

Talvez tu gostes mesmo é do dia branco

que torna todos os dias em dias iguais

das palavras indiferentes e impessoais

que nunca decidem ou se comprometem

ou quando fico estranhamente pasmo

com essas coisas tolas que nos remetem

 à insensibilidade ou efeitos do marasmo...

Mas não...nunca lanço palavras a esmo,

sou poeta de alma pura e fogo no coração

gosto da melancolia dolente dos boleros

como da volúpia passional do tango

do amor sensível, carinhoso e calmo

da paixão desmedida e desenfreada

onde, se não tenho tudo, não quero nada.

Mas também sou doce, sou bom e almo

capaz desse amor suave, pueril, espiritual

 das flechas cúmplices de Cupido ou Eros

e de amor excitante, impetuoso, imperioso

emanado de uma ardente Vênus sensual...

Gosto tanto do sabor marcante do morango

ligeiramente azedo, perfumado e saboroso,

como do cheiro leve e suave de uma maçã...

Porque tão linda como a leveza da chuva fina

é a arrogância furiosa da tempestade...

Tanto gosto do sol argênteo de uma manhã

como do vermelho fascinante de um belo ocaso

quanto da manifestação pura de uma vontade;

seja a vontade de ti ou tua vontade de mim...

Ou quando me escondo em meus pensamentos

porque não posso te vislumbrar os sentimentos...

Gosto ...tanto faz se é premeditado ou por acaso

quando te levantas em compasso de bailarina

estonteantemente bela, comedida e elegante...

Mas sonho contigo à noite, devassa e libertina

com a audácia desavergonhada de uma amante

sem dar tempo aos raciocínios ou á rotina...

Sou assim...

Franca, 2014, Abril, 19.

José Carlos Rodrigues