Será que nunca amarei?
"Não sei o que é isso quando dois seres
se sentem atraídos e uma simples reação
bioquímica ocasiona o eclodir da emoção.
Não sei o que é isso quando esses mesmos
seres sofrem um desgaste ou uma infidelidade
tendo êxito o fim da união.
E esses mesmos seres indecisos em suas
decisões resolvem voltar para dar seguimento
ao passado e o futuro que encontrarão.
Ao longo do dia estou sujeito as indagações
a si mesmo, porém é no cair da noite que
sou mais introspectivo.
Será que nunca terei o ensejo de fazer
parte disso? Será que nunca serei agraciado
com essa outra loucura enquanto eu estiver vivo?
Fito estes seres dotados de forte amor
preenchendo a lacuna de ambos com o
objetivo nobre, desfrutar o presente.
Meu peito fica estreito e continuo
o meu caminho, mas sempre pensado que
em mim há algo ausente.
Transito em minha casa, passeio
pelo quarto, visito a singela cozinha e
medito no quintal pacato.
Vou na adega, pego o vinho e início
a ingestão, delirando nos pensamentos
para uma mudança de imediato.
Este vinho que encurta a espera do sono
é o mesmo que dissolve minhas magoas,
camuflado de refúgio com a seguinte razão:
Eis uma das saídas para tornar a desgraça
interessante, mecanismo da minha psique
para eu não cair na alucinação.
Hoje entorno doses a mais, ciente das
consequências mas seguro das
minhas condições.
Ao amanhecer será outro ciclo,
refletir sobre o ontem e extrair
ensinamentos para aplicar em minhas ações.